“Olho minha
cidade com vontade de carregá-la no colo, de mostrar um caminho a seguir”
“Por mais que me encante, eu igualmente vejo, no meio das alegrias, as dores do
meu torrão”
(Thomé Madeira)
Na viagem
nesses tantos cantos de minha cidade, me encantei, resgatei velhas memórias,
senti outra vez o carinho das cores, dos sabores e de tantas outras coisas;
mas, no dia em que me preparava pra voltar, não me furtei de meditar sobre
outras coisas que vi, que senti e que me suscitaram igualmente a reflexão sobre
os caminhos de São Luís...
Apesar de tudo
o que vislumbrei de encantador, não deixei igualmente de observar algumas
coisas que me fizeram refletir sobre o destino de nossa querida Ilha; sigo aqui
com observações e comentários, do que vi, do que senti e do que conclui disso
tudo...
Uma das
primeiras coisas, para minha profunda consternação, foi a aparente situação de
desleixo em relação à segurança, a sensação de medo que eu percebia no rosto
das pessoas, mesmo as mais otimistas; não faltou quem me aconselhasse a sair
com mais cuidado, para evitar a violência que era, no pensar dessas pessoas,
quase endêmica na cidade; comecei a me perguntar: onde está a administração,
que não toma nenhuma providência?
O que percebi
também foi o enorme contraste entre o centro e o outro lado da ponte, onde
bairros bem organizados na orla, em perfeita estrutura, se estendem em ruas bem
asfaltadas e cada vez mais crescentes condomínios; concordo que a cidade deva
crescer, oferecer oportunidades, mas por que não fazê-lo por inteiro? Temos um
potencial enorme como investimento, especialmente na área do turismo cultural;
por que não criar oportunidades de investimento nesse setor, buscando parcerias
(as tão faladas PPP’s ) para ativar o turismo? Será que lutamos tanto pra tirar
um peso de mais de 50 anos de atraso pra se ter as mesmas coisas? Precisamos da
coragem para investir mais naquilo que temos de melhor, não esquecendo, é claro,
de se ter uma estrutura para preparar as pessoas que irão receber os que virão
nos visitar e conhecer; educar e preparar, antes de mais nada, são instrumentos
cruciais pra isso.
A pergunta que
faço, do fundo do coração, é: o que os cidadãos esperam para tomar uma atitude
mais séria em relação à sua própria cidade? O lugar onde vivemos é o resultado
direto das escolhas que fazemos em relação a ele; minha cidade de adoção é um
lugar que, mesmo enfrentando problemas, cidadãos conscientes sempre estão alerta
para cobrar soluções quando algo está errado; por que não fazer o mesmo?
Uma outra
sugestão é dar oportunidades iguais aos pequenos empreendedores no setor de
serviços, novamente focando no turismo, para que possam preencher segmentos
vitais para o funcionamento da cidade; pensar nela como uma só entidade, não
como mundos separados; dar chance aos que possam ser incubadores de novas
ideias, proativas para o crescimento; tenho certeza que grandes talentos apenas
esperam uma chance para mostrar o que sabem fazer.
Mas, para que
isso se concretize, a administração, tanto
estadual quanto municipal, têm de estar aberta a essas novas ideias, descobrir
como elas podem fazer a cidade crescer, desenvolver, não apenas esperar
beneplácitos estatais; deve-se, isso sim, estimular os talentos que,
certamente, existem e devem ser descobertos.
Isso não quer
dizer que eu esteja aqui para “bater e assoprar”; a crítica construtiva, o
apontar de direções, o buscar de um norte são elementos essenciais do
amadurecimento de uma sociedade, quando ela pode, a partir de erros e acertos,
buscar seu caminho no futuro; não esperar que ele aconteça, mas buscá-lo com todo
o empenho, no equilíbrio entre o novo e o velho, o passado e o presente, para,
mãos dadas com o tempo, afirmar nossa identidade e prosperar ainda mais. A
Cidade Patrimônio da Humanidade não pode apenas descansar nas conquistas; há um
caminho longo a seguir e na iniciativa de seus cidadãos nasce a força para
seguir adiante...
A política
existe a serviço dos cidadãos, e não o contrário; reflitam, pois...
Um maranhense
resoluto, mesmo distante de sua terra, vela por ela...
P.S. - Com os pensamentos e reflexões ainda intensos em mim, tomamos o caminho de volta para São Paulo e, depois, Jacareí, onde nosso lar nos esperava e os dias, em sua rotina, igualmente...Mas o coração ainda cheio dos belos momentos vividos...
Fechando a nossa narrativa de viagem, eis que vão chegar coisas de ver e ouvir, pequenos pedaços de momentos, sons e movimentos muito especiais, cheios de maranhensidade;
Até Lá e Vamos Maranhar!!!