terça-feira, 24 de julho de 2007

A Arte em Todos Nós

Hoje amanheci a refletir sobre algo dentro de mim que se agita desde a infância. O ato de conceber a arte, criá-la, é fruto da "inspiração", que nos baixa, ou simplesmente é a vontade de nosso coração, que nos faz retratar as coisas como gostaríamos ou como as vemos dentro de nossas almas? Me aferro à segunda hipótese, pois nossa alma e nosso coração, livres, nos levam a paroxismos de criação que, em muitas vezes, chegam a nos roubar as forças, a nos extenuar, como que sugassem nossa energia vital e a transformassem em arte pura...
Nada é mais intenso do que transformar a vida em arte. A arte de viver, de sentir, de buscar o coração, não com a lógica cartesiana da exata posição das coisas, mas na flexibilidade de um espírito imortal e indomável...Fujo da visão aristotélica da alma como "prisioneira" do corpo, o "campo de batalha entre a razão e a vontade". Quando derramamos nossas palavras no papel,ou pintamos, ou compomos, fazemo-lo pelo mais sagrado de todos os mistérios, pois o homem, assim criado à imagem e semlhança de Deus, o homenageia com a arte. Como aquele homem que chega a tocar em Deus, no teto da magnífica Capela Sistina. Aquele momento é momento sagrado de União, em que Ele, supremo do Universo, nos concede o maior tesouro que existe: a vida, e todos os seus parâmetros e alcances...A arte, longe de ser uma "inspiração" sazonal, é constância na alma humana, apenas esperando pra ser desperta, como diria Michelângelo a Bramante, quando trazia o bloco de mármore de Carrara que se tornaria Moisés: "Ele já está aí, dormindo; eu apenas o despertarei"...Pensei na vida, não como ciência precisa e exata, mas como arte, intensa e fluida, flexível e alada...

"Hoje Sinto
Amanhã escrevo
À tarde esculpo
À noite, intenso,
Me compraz perceber-te em arte..."

Cena Matutina

Hoje, quando levantei e me dirigia ao meu local de trabalho, participei de um acontecido que me fez refletir sobre quão isoladas são as pessoas...No caminho para o trabalho, a uma quadra, mais precisamente, uma moça estava com dificuldades em trocar um pneu. Vi, da distância em que estava, três pessoas passarem de largo, apesar dos pedidos de ajuda, apenas murmurando alguma coisa, do tipo "estou atrasado", "estou com pressa", ou a mais corrente, "não tenho tempo". Faltavam quinze minutos para comçar minha aula, e meu aluno já tinha chegado, mas resolvi ajudá-la, e percebi que, mesmo tendo aceito minha ajuda, ela ainda conservava uma expressão, um ríctus de susto, como se esperasse algo mais daquele simples gesto de ajuda, como "a presa diante de seu predador", como havia comentado a um amigo. Qando terminei, ainda faltavam cicno minutos pra começar a aula, e apressei-me um pouco, mas não cheguei atrasado. Quando caminhava na direção do prédio onde deveria dar aula, ainda pude vê-la arrancando às pressas, como se quisesse sair do inferno. Fiquei a meditar sobre isso, e senti que, realmente, as coisas e os valores que vivemos hoje nos tendem a fazer-nos isolados, sem solidariedade, ou mesmo até, naquele pressuposto de que "todos são maus até ue se prove o contrário".Assm, onde nós chegaremos? Me lembro bem de um frase de Mahatma Gandhi, que dizia que "se seguirmos sempre a política do olho po olho, acabaremos todos cegos";eu o parafraseio e digo: "se nos isolarmos mais e mais, e enterrarmos a solidariedade, acabaremos por nos tornar várias ilhas, onde só vislumbraremos nosso umbigo"...

Reflitam e Vivam melhor...