sábado, 11 de agosto de 2007

Escrever

Estamos na era do email, onde as informações circulam no chamado "tempo real", tão importante para as nossas comunicações e para os negócios, informações que circulam a cada nanossegundo, medida tal que faz a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma operação de negócios, tal a magnitude do tempo que nos impera...
Mas, e nós? Onde ficamos nesse "tempo real"?Onde ficamos na estrutura dessa tecnologia?
Lembrei-me, então, do tempo em que curtíamos a ansiedade gostosa da chegada do carteiro, com aquele envelope branco, ou o colorido de via aérea, com selos maravilhosos, que logo viravam peças de coleção nas mãos dos que mais se interessvam...Cartas eram lidas, relidas, tocadas, dobradas, redobradas até ficarem amarelecidas, e eram tesouros inalienáveis..Tenho um amigo que coleciona todas as cartas trocadas pelos bisavós, avós e pais, desde a juventude até quando se casaram, e esse tesouro, pra ele, é inalienável e não tem preço. "É u'a maneira de sentir o espírito deles", afirma. Faço coro às palavras dele. sintam um trecho de uma delas, escrita pelo bisavô materno dele,à bisavó:
"Cara Lúcia
É-me difícil neste somenos, e em circunstância tal, dizer-te o quanto falta me fazes. Como eu não te amaria? Aqui, nesta terra de frio invernal, o calor de tuas palavras é o que me aquece o coração. Meu caminho sigo aqui, pelo amor de ti. Não vejo a hora de virem as férias e poder retornar, ver teu sorriso, afagar tuas mãos e estar perto, para que eu te beije com amor. Flarei a teus pais assim que chegar. Não agüento esperar mais, meu amor...Quero mais do que nunca ser teu, e de mais ninguém..."
Imagine-se esperando ansiosamente por esta carta, dia após dia, e, quando finakmente ela chega, todas as emoções reprimidas pela ansiedade explodem, a felicidade a cada linha lida, e, depois, aquele silêncio meditativo, a carta quase aos lábios, como que estivéssemos a abraçar a pessoa...Será que o email matou isso em vocês? Reflitam um pouco, e escrevam sem teclar, sentindo o deslizar da pena , da caneta ou do lápis sobre o papel, e deixe a alma se libertar...

CADA LETRA QUE DELINEIO
É MINHA VONTADE DE TOCAR-TE
CADA FRASE A DESLIZAR NO PAPEL
É VALSA APAIXONADA QUE DANÇAMOS
CADA VOLUTA DE CADA LETRA
É A ARTE DE MIM A BUSCAR-TE
EM LITERATAS VONTADES
EM APAIXONADOS DESEJOS
EM POETICOS QUERERES
MAIS QUE TUDO
ÉS
MUSA...