quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

MARANHEI - A VIAGEM - PARTE 9 - HÁ CAMINHOS DE VOLTA E DE SOLUÇÕES



“Olho minha cidade com vontade de carregá-la no colo, de mostrar um caminho a seguir”

“Por mais que me encante, eu igualmente vejo, no meio das alegrias, as dores do meu torrão”

(Thomé Madeira)

Na viagem nesses tantos cantos de minha cidade, me encantei, resgatei velhas memórias, senti outra vez o carinho das cores, dos sabores e de tantas outras coisas; mas, no dia em que me preparava pra voltar, não me furtei de meditar sobre outras coisas que vi, que senti e que me suscitaram igualmente a reflexão sobre os caminhos de São Luís...




Apesar de tudo o que vislumbrei de encantador, não deixei igualmente de observar algumas coisas que me fizeram refletir sobre o destino de nossa querida Ilha; sigo aqui com observações e comentários, do que vi, do que senti e do que conclui disso tudo...
Uma das primeiras coisas, para minha profunda consternação, foi a aparente situação de desleixo em relação à segurança, a sensação de medo que eu percebia no rosto das pessoas, mesmo as mais otimistas; não faltou quem me aconselhasse a sair com mais cuidado, para evitar a violência que era, no pensar dessas pessoas, quase endêmica na cidade; comecei a me perguntar: onde está a administração, que não toma nenhuma providência?

O que percebi também foi o enorme contraste entre o centro e o outro lado da ponte, onde bairros bem organizados na orla, em perfeita estrutura, se estendem em ruas bem asfaltadas e cada vez mais crescentes condomínios; concordo que a cidade deva crescer, oferecer oportunidades, mas por que não fazê-lo por inteiro? Temos um potencial enorme como investimento, especialmente na área do turismo cultural; por que não criar oportunidades de investimento nesse setor, buscando parcerias (as tão faladas PPP’s ) para ativar o turismo? Será que lutamos tanto pra tirar um peso de mais de 50 anos de atraso pra se ter as mesmas coisas? Precisamos da coragem para investir mais naquilo que temos de melhor, não esquecendo, é claro, de se ter uma estrutura para preparar as pessoas que irão receber os que virão nos visitar e conhecer; educar e preparar, antes de mais nada, são instrumentos cruciais pra isso.

A pergunta que faço, do fundo do coração, é: o que os cidadãos esperam para tomar uma atitude mais séria em relação à sua própria cidade? O lugar onde vivemos é o resultado direto das escolhas que fazemos em relação a ele; minha cidade de adoção é um lugar que, mesmo enfrentando problemas, cidadãos conscientes sempre estão alerta para cobrar soluções quando algo está errado; por que não fazer o mesmo?

Uma outra sugestão é dar oportunidades iguais aos pequenos empreendedores no setor de serviços, novamente focando no turismo, para que possam preencher segmentos vitais para o funcionamento da cidade; pensar nela como uma só entidade, não como mundos separados; dar chance aos que possam ser incubadores de novas ideias, proativas para o crescimento; tenho certeza que grandes talentos apenas esperam uma chance para mostrar o que sabem fazer.
Mas, para que isso se concretize, a administração, tanto estadual quanto municipal, têm de estar aberta a essas novas ideias, descobrir como elas podem fazer a cidade crescer, desenvolver, não apenas esperar beneplácitos estatais; deve-se, isso sim, estimular os talentos que, certamente, existem e devem ser descobertos.

Isso não quer dizer que eu esteja aqui para “bater e assoprar”; a crítica construtiva, o apontar de direções, o buscar de um norte são elementos essenciais do amadurecimento de uma sociedade, quando ela pode, a partir de erros e acertos, buscar seu caminho no futuro; não esperar que ele aconteça, mas buscá-lo com todo o empenho, no equilíbrio entre o novo e o velho, o passado e o presente, para, mãos dadas com o tempo, afirmar nossa identidade e prosperar ainda mais. A Cidade Patrimônio da Humanidade não pode apenas descansar nas conquistas; há um caminho longo a seguir e na iniciativa de seus cidadãos nasce a força para seguir adiante...

A política existe a serviço dos cidadãos, e não o contrário; reflitam, pois...


Um maranhense resoluto, mesmo distante de sua terra, vela por ela...

P.S. - Com os pensamentos e reflexões ainda intensos em mim, tomamos o caminho de volta para São Paulo e, depois, Jacareí, onde nosso lar nos esperava e os dias, em sua rotina, igualmente...Mas o coração ainda cheio dos belos momentos vividos...

Fechando a nossa narrativa de viagem, eis que vão chegar coisas de ver e ouvir, pequenos pedaços de momentos, sons e movimentos muito especiais, cheios de maranhensidade;

Até Lá e Vamos Maranhar!!!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MARANHEI - A VIAGEM - PARTE 8 - RUAS E HISTÓRIAS OU HISTÓRIA DAS RUAS?



“Ruas são vivas, pulsam, têm uma poesia rara...”

“Minha memória da rua é memória de curioso, de querer deslindar as coisas dela, de saber de origem, de jeito, da maneira que a rua se ajeita, de como o sol cai nela, de como as luzes a moldam à noite; enfim, de como ela vive e faz viver”
(Thomé Madeira)

Nessa parte de nossa narrativa, caminhamos com esse olhar de curioso pelas ruas da cidade, procurando sentir não somente a arquitetura, o estilo e a história, mas as histórias vivas das ruas, o pulso intenso do que se pode dizer que é o real retrato de uma cidade; não buscamos a história em fanfarra e circunstância, mas, sim, o sussurrar que convida a conhecer o que a cidade tem de mais verdadeiro...


No Centro também há botequins, sim, senhor!!! A pequena boemia, tanto à noite, quanto de dia, convida a descobrir mais da cidade

Os carros parecem fora de propósito nas ruas tão cheias de passado...


Nas mãos hábeis do restaurador, a história ressurge e do passado se vêem os caminhos do futuro...







Prova evidente de gente...falamos disso depois...

Onde a cidade nasceu, renasce todo dia...




Nos corações de estudante, a esperança de que não nos esqueçamos do nosso legado


No beco da antiga escrava que depois virou senhora, do alto se vê a lenda, de baixo a poesia...


Cantaria ( nome da pedra de calçamento), que de pedra de lastro se tornou joia cujo brilho Sol e Lua refletem, enganando o olhar








A vida passa e pulsa; no olhar curioso e nos ouvidos ainda mais, os sons da cultura maranhense, na ginga da capoeira angola

"Antigamente" (bar) novamente



Um pé, outro pé, um pé outro pé, um pé, outro pé...




Guardado pelo antigo Frade de Pedra, o Beco da Prensa no seu charme



Prédio da Casa do Tambor de Crioula, um dos muitos prédios em restauração no Centro Histórico

Aqui, não apenas poesia, mas boa conversa e ares de letras vivas

Maravilhoso contraste entre o Centro Histórico e a orla futurista




Faz-se noite e surge a luz que revela a intensidade e brilho de uma cidade imortal









De volta para casa , as delícias dos tambores do carnaval maranhense, no ensaio em forma de carinho




P.S. - No caminhar por estas ruas plenas de poesia e história, penso no passado, no presente e no futuro, numa oração de admirar e querer bem, pedindo a São José de Ribamar que jamais deixe que esse tesouro chamado São Luís caia na sanha imobiliária, que devora as almas das cidades, e que os cidadãos ciosos de sua maranhensidade jamais a deixem morrer...

Na próxima parte de nossa narrativa, falaremos dos problemas e soluções que divisamos, descobrindo que a grande guinada que a cidade precisa reside na consciência e na força de vontade seus cidadãos; que eles sejam os transformadores, pra melhor, dessa maravilha chamada São Luís!!!!