quarta-feira, 30 de abril de 2014

Crônicas da Casa Alta 4

Já havia falado das memórias de minha infância, especialmente as do paladar; bem, conforme vão aparecendo algumas vão tomando forma de receitas outras apenas do registro dos sabores; como eu falei do bolo de tapioca, aqui vai a receita dele: Bata no liquidificador uma xícara de leite, ½ xícara de óleo, 4 ovos, três xícaras de farinha de goma (ou polvilho/fécula de mandioca/tapioca), um pires (ou um pacotinho) de queijo ralado, sal a gosto (cuidado porque o queijo de pacote já é muito salgado). Depois de bater por uns 5 a 8 minutos, põe numa forma de buraco no meio, levemente untada com óleo. Forno por uns 30 a 40 minutos.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Crônicas da Casa Alta 3

É sempre assim: quando puxamos da memória as coisas elas ou podem vir como um gotejar ou como um caudal sem precedentes; no meu caso, agora, elas vêm como uma correnteza sem doma, onde no máximo posso fazer as vezes de guia pra que elas não se dispersem; bem, as que me chegam agora têm a ver com um momento bem especial; quando uma de minhas tias, a tia Balbina - carinhosamente chamada de Netinha - dirigiu pela primeira vez. Ela namorava um rapaz bem apessoado chamado Aníbal Faria, filho de portugueses, cuja família era dona de um grande armazém/casa comercial chamado Casa Faria, que dava pra ser visto do terraço de casa. Um dia, ele chegou e chamou minha tia pra baixo e, assim que ela desceu, ele mostrou a ela o DKW e a convidou pra dar uma volta; eu , curioso como era, desci junto e fiquei olhando comprido, até que ela me chamou pra ir junto; entrei mesmo estando de bermuda e chinelos eme juntei ao que, pra mim, era uma aventura. No final, ela se saiu muito bem e algumas vezes ela dirigia e ele ficava como passageiro, e eu mesmo outras vezes repeti essa mesma aventura. Ainda na memória o som do motor dois tempos e a fumaceira que ele fazia, mas era um carro que eu achava particularmente bonito...

Crônicas da Casa alta 2

Uma das lembranças da Casa Alta que mais me é marcante é a do café da manhã - tinha o aroma do pão massa grossa comprado por Maria do Carmo na Padaria Cerejeira, logo no começo da manhã; o leite, já trazido da porta de casa e fervido, fumegava na mesa que ficava perto da entrada, bem no fim da escadaria; ainda tenho na memória a manteiga derretendo sobre o pão quente, que já me esperava antes de ir pra escola; havia ainda o o bolo de tapioca que vinha das mãos de minha avó e de Maria do Carmo, assado caprichosamente e devorado com café bem quentinho... Mais importante, era uma festa quando minhas tias chegavam e se congraçavam com a casa; tinha uma visão privilegida das coisas especialmente no carnaval, onde eu via do alto, as brincadeiras do povo...

Cronicas da Casa Alta

Um dia/ Voltei à casa onde vivi minha meninice/ A casa alta da Antônio Rayol/ Onde ainda ouço os ecos de família/ Mas a casa, antes grande,/ Tão pequena me pareceu!/ Percorri os quartos como se percorresse continentes;/ Não anseio pela grande metrópole/ Mas sei que por ela um dia passarei/ Até que chegue ao que sonho/ A cidade pequena ainda plena de silêncios/ Pequena como a casa minha meninice O terraço onde achava que em criança parecia ser os confins do mundo, onde via minha mãe vindo do trabalho e minhas tias , onde me debruçava sem medo e via onde minha vista alcançava...Onde minha avó cultivava jardins de antúrios e espadas-de-são-jorge com cascas de ovos nas pontas.. nas manhãs, o pão massa grossa com manteiga real cujo gosto ainda me aguça a memória...Pão que vinha da Padaria Cerejeira, onde numa das paredes havia um desenho de um homem com roupa de cozinheiro segurando uma bandeja com pães e um balão com a frase "O PÃO É O ELEMENTO BÁSICO DA ALIMENTAÇÃO DE TODOS OS POVOS"...Jamais me esqueci