terça-feira, 29 de abril de 2014

Crônicas da Casa Alta 3

É sempre assim: quando puxamos da memória as coisas elas ou podem vir como um gotejar ou como um caudal sem precedentes; no meu caso, agora, elas vêm como uma correnteza sem doma, onde no máximo posso fazer as vezes de guia pra que elas não se dispersem; bem, as que me chegam agora têm a ver com um momento bem especial; quando uma de minhas tias, a tia Balbina - carinhosamente chamada de Netinha - dirigiu pela primeira vez. Ela namorava um rapaz bem apessoado chamado Aníbal Faria, filho de portugueses, cuja família era dona de um grande armazém/casa comercial chamado Casa Faria, que dava pra ser visto do terraço de casa. Um dia, ele chegou e chamou minha tia pra baixo e, assim que ela desceu, ele mostrou a ela o DKW e a convidou pra dar uma volta; eu , curioso como era, desci junto e fiquei olhando comprido, até que ela me chamou pra ir junto; entrei mesmo estando de bermuda e chinelos eme juntei ao que, pra mim, era uma aventura. No final, ela se saiu muito bem e algumas vezes ela dirigia e ele ficava como passageiro, e eu mesmo outras vezes repeti essa mesma aventura. Ainda na memória o som do motor dois tempos e a fumaceira que ele fazia, mas era um carro que eu achava particularmente bonito...

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