sábado, 13 de setembro de 2014

ALUÍZIO E SATÔ - UMA HISTÓRIA DE AMOR



Os que conhecem a obra de Aluízio Azevedo, sabem bem que, como fiel seguidor da escola Naturalista, sempre procurou mostrar, dento do matiz da época, todos os desdobramentos de uma sociedade, suas transformações e, sobretudo, suas mazelas, sempre fazendo do pano de fundo de suas histórias seu maior personagem; mas ele, igualmente, foi protagonista de uma grande história de amor, nos seus tempos no serviço diplomático; no seu primeiro posto, em Yokohama, Japão, tomou-se de amores por Satô, uma jovem gueixa que trabalhava em uma casa de chá nas proximidades do consulado; de intensa paixão torna-se amor tórrido, que vence o antes taciturno Aluízio; vive cada dia desse amor como se fosse o último, como a prever que não duraria; transferido para La Plata, Argentina, insta em querer levá-la, mas Satô, presa a uma dupla tradição - a primeira é que uma gueixa tinha de cumprir um "tempo de obrigação" que a prendia à casa em que servia; a segunda, ela não poderia se desligar de seus pais, já muito velhos, obrigada igualmente pela tradição a cuidar deles até que morressem; a última vez que a vê é exatamente quando se despede dela no cais,a caminho de seu novo posto; os colegas que serviram com ele na Argentina lembram-se dele como "macambuzio, de rosto fechado, raramente a entabular conversa; muitos sabiam quem ele era pelos livros que tinham lido, mas ele parecia nem querer se lembrar desse tempo, como se fosse nada, um quê sem importância"; uma vez conseguiram arrancar dele apenas uma frase, quase um desabafo:
"Hoje não preciso mais escrever romances para comprar melões". Morreria no estrangeiro, e, dizem os que arranjaram o seu funeral que, no ataúde, entrelaçado junto ao terço que trazia nas mãos, uma fita de seda bordada, que enlaçava um ramalhete de flores dessecadas de cerejeira...