quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Crônica

Em primeiro lugar, peço perdão aos que acompanham este blog, pela ausência do que vos escreve entre o dia de ontem e de hoje. Apenas desacelerei um pouco, até para que as idéias possam fluir livremente, sem a premência de nada...
Como puderam ver, dediquei dois dias à poesia, para que todos sentissem essa linguagem tão maravilhosa dentro de vocês e sentissem profundamente como a alma se comunica, como a alma se expressa...
A poesia, longe de ser algo incompreensível ou mesmo supérfluo,como já ousaram me dizer alguns, é algo imprescindível à alma humana, algo como alimento, que faz elevar, enlevar, embevecer e encantar...Só a poesia faz a alma verdadeiramente trasncender, alçar-se a lugares e tempos jamais imaginados, superar todas as coisas, ou, simplesmente, viver...
Vou dar-lhes alguns exemplos...

Homero era cego, e a idade avançada encurvava o corpo já cansado, mas, ao recitar, ele se agigantava, crescia, tomava a mesma estrutura de seus heróis, fazia todos o ouvirem, e também se imaginarem heróis...

A poesia, nos áureos tempos dos celtas, tinha caráter sagrado, evocativo, conjuradora da natureza e de todas as suas forças, onde druidas e sacerdotisas recitavam em honra dos espiritos do ar , da terra e da água, trazendo a guarda da fé de seus acólitos...

Ninguém recitava tão belamente em Roma quanto Virgílio, e ninguém ergueu um povo em sua magnitude como ele o fez, tornando Roma a mais imortal das cidades, A Cidade Eterna...

Na Idade Média, os bardos e menestréis eram guardiães da esperança, jamais deixando que se desacreditasse o amor, mesmo numa época em que as uniões eram determinadas pelas razões dos senhores, mas eles sempre acendiam a esperança do amor cortês, daquele amor que se alimentava da menor palavra, do menor aceno, em que a honra suprema para um homem de armas era usar as cores de sua dama em sua armadura...

Na Renascença, a poesia era um passaporte para tudo; desde um duelo de armas a uma declaração de amor; a perfeição do verso era comparável à perfeição da pintura ou mesmo da escultura. Dante concebe nesse tempo seu amor puro e ideal por Beatriz, que o faz passar do inferno ao paraíso...

No século das mudanças, a poesia segue, aliada ao teatro, e, de Lope de Vega a Racine, passando por ninguém menos que Moliére, ela se alça aos palcos , sem jamais sair dos corações e das almas; nos salões dos reis e nobres às tavernas e estalagens, a poesia é profundamente amada...

No alvorecer da razão, no apogeu do Iluminismo, a mesma poesia que encanta, que enleva, que embevece, também inflama, insufla, inspira a lutar pelos ideais sagrados de Liberdade , Igualdade e Fraternidade; A poesia que atravessa os oceanos e, em nosso país, inflama os jovens inconfidentes e faz nascer a mais bela história de amor de nossa poesia...Marília de Dirceu

Mesmo no Romantismo, onde o ardor dos corações desperta na voragem das paixões intensas, onde os jovens vêem no termo à vida uma elegia de amor, a poesia, de epitalâmio a epitáfio, vai além, ultrapassa os meandros do acadêmico e se aventura nas ruas nas praças, pois que a praça é do povo, como o céu é do condor!!!

No século da ciência, onde a mente revela seus recantos e os sonhos passam de presságios a diagnósticos, a poesia viaja entre as mesas dos cafés e cabarés e passa a ser mais que objeto de estudo, passa a ser quintessência, onde a métrica e a medida, longe de tirarem-lhe o brilho, dão a ela mais corpo, mais vida...

No mundo moderno, o estrépito da máquina jamais a abala; do contrário, é o mote para fazê-la livre, fazê-la alçar vôos mais altos, onde um jovem sonha em voar, e descobre a poesia dos céus, em sua imensidão infinita; do cosmonauta que, mesmo dita em prosa, sua frase tem a poesia da descoberta: "A Terra é Azul". Às máquina soma-se o computador e a ele a Internet, mas a poesia não morre, se refaz, e se redescobre, se reinventa, para sempre sobreviver, mesmo nestes tempos que dizem que ela é obsoleta e supérflua, pois enquanto houver corações amando e almas em luz, haverá , sempre, POESIA!!!!!

Vem, poesia plena
Vem dspertar meu coração
Vem povoar minh'alma
Vem fazer de mim
Amante devotado
Ser apaixonado
Embevecido de ti
Inebriado de teu fluir intenso
Traz a mim o que há muito eu perdi
Vem poesia,
Vem fazer-me circunavegar o ser
Em mais que tempo e espaço
Vem ser minha guarida
Fazei minhas lágrimas tristes
em penhores de um sentir
Que de tão intenso
Não cabe em mim
Vem poesia
Vem de novo
Me fazer amar!!!

Um comentário:

A honra e o privilégio são meus...Muitíssimo Obrigado!!!