A poeira da Copa baixou e agora buscamos outro rumo; deixamos a expectativa pra Russia 2018; vamos trocar a pinga pela vodka, tirar os casacos de dentro do guarda roupa e vamos embora..mas isso é pra 2018...
Por ora, vamos continuar nossa viagem textual por esse Brasil tão artista e tão especialmente vibrante, buscando seus sensíveis videntes e visionários, ou mesmo simples cronistas desse nosso tão diverso cotidiano...
Ainda neste post falemos um pouco mais de futebol, apenas pra fecharmos com um autor que era mais que um simples comentarista; assim como um outro autor que mencionarei aqui, mas músico ao invés de escritor, este passou sua paixão para o que seria simplesmente a observação fria do esporte e o apontar de virtudes e defeitos; ele derramou sua prosa com uma habilidade sem igual, fazendo do espetáculo mais que isso; ele o fez literatura...Ninguém menos que Nelson Rodrigues...
Não falarei aqui do Nelson polêmico, do Suzana Flag das histórias que desnudam hipocrisias e pecados que os protagonistas delas sempre tentam esconder, mas que, mais cedo ou mais tarde, se revelam; não vou falar aqui do Nelson achincalhado, vilipendiado como o "Tarado", o "destruidor da família", ou coisa que o valha...Ruy Castro, no seu excelente "NELSON RODRIGUES - O ANJO PORNOGRÁFICO", já discorre muitíssimo bem sobre o tema;
Falarei de outro Nelson, o do apaixonado por futebol, que trouxe uma verve nova ao texto esportivo, dando-lhe dimensão, intensidade e , acima de tudo, alma; tudo o que vemos dos modernos cronistas esportivos, desde osmarianas entonações, passando por grandiloquências lucianodovallescas até "galvãonices" nem sempre benquistas, devemos a esse grande escritor brasileiro chamado Nelson Rodrigues...Torcedor apaixonado do Fluminense, era de frequentar quase religiosamente os jogos, embora seus problemas frequentes de visão não o deixassem distinguir um time do outro, mas nem isso diminuía sua paixão e sua habilidade - marcou sua prosa futebolística cunhando expressões do tipo "complexo de vira-lata", frase que foi o símbolo da derrota brasileira em 1950 (confesso que sonhei com uma final Brasil x Uruguai nessa última copa, mas, seteaumescamente falando, melhor não lembrar). Junto com seu irmão Mário Filho, consumado editor - devemos a ele o vetusto porém dinâmico "JORNAL DOS SPORTS", ainda no seu clássico papel róseo - agitou a cena esportiva da época; mas deixemos que ele mesmo dê o seu recado, no livro (link abaixo) "A Pátria de Chuteiras", em outra de suas expressões lapidares...Mesmo sendo um tricolor apaixonado, sabia reconhecer a igual paixão de outros torcedores, como estas palavras sobre os rubro-negros, tradicionais rivais dos tricolores...
http://www.ediouro.com.br/lancamentosdenelsonrodrigues/livros/ImagePatriaDeChuteiras%20em%20Baixa.pdf
Adorei "galvãonices" e afins!
ResponderExcluirSe tem coisa que amo criar é palavra nova e bem humorada. E neste post achei várias pérolas assim...