sábado, 28 de fevereiro de 2015

CONTOS DA GUERRA ESQUECIDA - AO LEITOR


Caros Amigos

A Série que começarei a apresentar a vocês nasceu há vinte e cinco anos, quando acidentalmente, numa loja de discos, vi um CD da trilha sonora de um documentário chamado THE CIVIL WAR, sobre a Guerra Civil Americana, produzido por Ken Burns, um dos mais completos sobre o tema; li o prospecto de quase trinta páginas com uma avidez que me consumiu um dia inteiro, e persegui durante dois anos a chance de ver esse documentário; ao assisti-lo, me impressionou especialmente a riqueza iconográfica que ele apresentava; depois,  conheci a extensa literatura e filmografia americana sobre o tema, jamais esgotada – desde “O Emblema Rubro da Coragem”, de Stephen Crane, passando por “The Civil War- a History”, escrito pelo brilhante jornalista Harry Hansen, até os filmes “Gettysburg” e “Deuses e Generais”, magistralmente produzidos.  Me impressionou sobremaneira a multiplicidade de interpretações e teorias sobre a origem, a evolução e os desdobramentos da guerra e de como ela transformou a sociedade americana. Me impressionou também o imaginário produzido sobre esse momento da história.

Não pude deixar de me remeter à Guerra do Paraguai, que começou exatamente no fim da Guerra Civil nos EUA; à parte as diferenças entre os dois conflitos, me assaltava a pergunta: por que não se produziu, no Brasil, o mesmo imaginário, o mesmo conjunto de questionamentos tão agigantados nessa passagem da história sul-americana? Meu primeiro contato com alguma literatura fora do âmbito escolar me foi dado por um dileto amigo, que me emprestou o conhecido “Genocídio Americano – A Guerra do Paraguai” escrito por J.J. Chiavenato, uma abordagem diversa do universo didático sobre a guerra; li-o, confesso, com alguma reserva, por causa do endeusamento da figura de Solano Lopez, ditador do Paraguai, colocado como um “paladino contra o imperialismo britânico”; não satisfeito na minha busca por uma abordagem mais equilibrada, finalmente encontrei-a no livro de Francisco Doratioto, “Maldita Guerra”, onde, por detrás de extensa pesquisa documental e iconográfica, o autor nos mostra uma visão mais equilibrada, mais científica e, em muitos aspectos, mais humana; ainda assim, não via esse imaginário que eu buscava, o do homem comum, as histórias da gente, dos embates, do que poderiam pensar homens que , durante cinco anos , se enfrentaram nos esteiros, arroios e campos paraguaios; passei pelas memórias de Dionísio Cerqueira, soldado e depois político e a obra clássica “A Retirada da Laguna” de Taunay, até que, um dia, duas outras leituras me deram o impulso final: o pequeno conto “A Caminho de Assunção”, de Rubem Fonseca, e a “graphic novel” escrita por André Toral, “Adeus Chamigo Brasileiro”; elas me deram o rumo que faltava para ir atrás e pensar as narrativas que viriam das descobertas dessa passagem de nossa história...

Um comentário:

  1. Adoro saber sobre os percursos da criação, adorei o seu, vou agora ler o conto de estreia da série. Um grande abraço.

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A honra e o privilégio são meus...Muitíssimo Obrigado!!!